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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Vômitos dissertos

Manchei de negro a alva página,
Pensamentos ilógicos.
Vontades nem tão santas.
Manchei de lágrimas impuras
A alva página casta,
Expurguei o rancor que me azedava o estômago.
Reflexos distorcidos de uma imagem desconexa,
Pintura abstrata espalhada na calçada imunda.
Dissertei minha dor com letras profundas
Pontiagudas letras a dilacerar a alva página...

Meu mundo de escuridão

Nas frases tortas que se
Desprendem de minha caneta.
Mudas verdades expostas,
Versos e palavras mortas,
Pedaços incompletos de meu ser.
Diário sem folhas...
Restos amargos,
Sonhos desfeitos, unidos,
Expelidos,
Expurgados...
Universo amargo que engole meu viver...

Espelho torto

Tem vez que me desfaço
E vejo o rosto ao avesso...
Outras vezes me desosso
Vísceras
Sangue
Desgostos...
Tem vezes que meias palavras
Se unem inimigas
E dissertam incompletas verdades escondidas
...e me distorcem!

Alguém tem a resposta?

Queria saber de muita coisa...
Queria saber de onde vem a lágrima santa,
Saber o porquê escorre solta
Salgando a boca insossa
Queria saber da felicidade
Saber onde se esconde
- Por favor, que alguém me conte!
Queria saber sorrir livremente,
Não apenas apertar os lábios displicentes,
Sorrir verdadeiramente
Queria saber de muita coisa...
Entender isso que chamam de amor...
Saber o motivo desta minha dor,
Que há muito me rasga o peito.
Queria saber sobre a saudade
Porque quando fica tarde, ela chega sorrateira
E minha mente invade...
Eu, infeliz covarde, choro escondido, incompreendido...
Queria saber destas histórias incompletas,
De todo que ficou pela metade,
Que fim teria tudo?
Vida de cacos...
Queria entender estas minhas noites insones
Perdidas em divagações desconexas.
Estes nomes e rostos morcegos no quarto,
Obscuras saudades insensíveis...
Queria saber de muita coisa,
Entender estas letras que se juntam
E escrevem o quê sinto quando estou só,
Abandonado em meu mundo fechado...
Cercado de escombros de vidas passadas.
Queria entender a vida...
Que um dia se encerra e um ente se oculta sobre a terra...
E o todo se incompleta.
Queria entender muita coisa...

Antropófagos urbanos

Na urbe, imune criatura
Arrasta-se insegura,
Agarrada a vida
Desalmada e burra
Com seus olhos carentes
E ilusões de felicidades...

Insana madrugada

Madrugada; todos dormem,
Solitário corto palavras,
Risco sentimentos enclausurados.
Um silêncio mórbido...
Nenhuma fala.
Ouço um cão ladrar ao longe
Suspenso num frenesi louco,
Vomito sensações doentias
Fantasias luxuriosas
Farrapos estáticos...
“- Respeitável público!”
Grito rouco d’um palhaço louco em minha mente,
Demente,
Minto;
Verdadeiras hipocrisias contidas
Em bolsa de couro legítimo,
Pigmeus antropofágicos me roem os dedos dos pés...