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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um dia normal.

"Conto de um qualquer..."


Era um dia normal, de uma data qualquer, Joãos, Marias, Josés iam pra lá e pra cá.
O sol brilhava e a lua intrometida espiava o dia quente, ponto branco naquele céu azul azulíssimo.
Parecia ser um dia normal, porém não entendia o motivo do chão estar macio e as paredes bailarem libidinosas e insinuantes.
Era um dia normal e como sempre depois do trabalho, assentava sua bunda gorda num banco de algum boteco qualquer, assuntava conversas alheias, fumaça, bebia cervejas e cervejas...
Naquele dia abafado, o suor escorria-lhe na face vermelha e na careca lustrosa fustigada pelo sol, aquela cidade poluída, infernal, de um trânsito caótico, engarrafado, motociclistas suicidas, pedintes e mendigos zumbis, gentes e gentes...
Era um dia normal, as palavras então começaram a lhe sair confusas e embaralhadas, passos tortos por caminhos confusos, vontades anestesiadas.
Um dia normal, numa cidade estranha, onde pessoas falavam de um jeito arrastado. Pra variar se sentia deslocado, por entre aquela gente, sua vida a muito o fazia se sentir assim deslocado, pois cada dia em um lugar diferente, seu vai e vem diário, rodoviárias, aeroportos, hotéis...
Longe de sua gente, de sua cidade, vivendo sem fronteiras com a mala sempre pronta, passando de cidade em cidade, com suas amizades instantâneas e conversas pela metade, amizades biodegradáveis.
No quarto vazio com sua paredes mortas, caiadas de solidão, lhe aguardava apenas uma mala meio desfeita.
Só o álcool amigo supria seu vazio, sua saudade.
Era um dia normal, sob seus pés, vertígens abissais lhe acautelavam o caminhar pela rua sinuosa e lenta.
Visões etílicas desfilavam libidinosas e envolventes, paredes esquivas impediam-lhe o toque.
Tudo a sua volta parecia tão diferente e esguio.
Paisagens girantes...
Turbilhão etílico de espectros assombrantes com feições decomposta, o álcool transmutava tudo e embrulhava seu estômago azedo.
Agônico e suado expurga o seu azedume e decora a imunda calçada com sua obra abstrata...
Era um dia normal...

A prostituta

No canto escuro
Corpo, alma, vulto.
Lânguida criatura
Desfila libidinosa
..................insegura.
Um ou dois passantes
Inconsoláveis com seus corvos
Empoleirados nos ombros.
"-Corvos gordos e robustos!"
A alma perdida
Esfumaceia a avenida
E fere o silêncio com seu salto...
Passo a passo, sangra a calçada.
Em sua costas as marcas
das asas amputadas sangram...
Pobre anjo caído, expulso da nuvem.
Vagueia agora, carne exposta
...................corpo a mostra,
A mendigar trocados,
Trocados trocados por afetos.
Pobre vulto oculto
Em noite clara
Resto d'Alma que chora silenciosa
Enquanto seu caminhas se endireita
...................co'as passadas tortas...