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domingo, 21 de outubro de 2007

Palavras

Corro a caneta de tinta negra, sobre a folha virginal, branquíssima , do caderno.
Tento juntar as palavras, palavras dispersas, brincando de pique-esconde em meu quarto.
Olhos ávidos de um lado à outro em frenética busca e nada!
Quiçá tenham fugido com a inspiração a procura de talento...
Continuo a procura e encontro uma aqui e outra acolá!
-Trinta e um meu!!! Grita uma lá!!
Palavras tristes, carregadas de saudades passadas, vivas em meu coração. Lembranças tristes dos dias felizes, paradoxais recordações...
Nomes e sobrenomes desfilam em minha frente, contentes, plangentes, delinqüentes.
Entre risos e lágrimas, palavras.
Doces, amargas, palavras...
Juntam-se, formando uma escada. Não sei se subo ou desço.
Alegro-me, entristeço...
Rima boba não tem preço!
Palavras coloridas, carnavalescas passam sambando com comissão de frente e tudo!!
Talvez o álcool tenha me deixado confuso!!
Palavras rotas, bêbadas, escrotas arrastam-se sob a cama.
Cato uma ou outra e mais recordações...
São palavras velhas, pintadas a mão, só pra disfarçar antigas desilusões!
Outras correm pelo quarto, desnorteadas, entre gritos e risadas, de um canto a outro, desvairadas.
Palavras loucas, desprendidas de emoção.
Saem palavras de meu violão.
Insinuantes, musicadas, sem desafinação.
Espiam de dentro do armário, mergulham no aquário.
E lá vêm elas!!! Aos montes, de todos os lugares!!
Saem das frestas, contentes a pular pra dentro de minha caneta.
Umas choram, outras sorriem.
As mais tímidas olham desconfiadas.
Com sorrisos emprestados, escapam palavras sofridas, maquiladas de felicidade.
As mais teimosas me olham com desdém!! Empacadas batem o pé!! Não devem obediência a ninguém!
Palavras toscas sem razão, alienadas, esquecidas indicam uma direção.
É um caminho ladrilhado de consoantes, ladeado por um jardim de vogais, onde brotam pontuações...
E eu??
Eu respiro lento, contendo a raiva pelas palavras amargas que desfilam sarcásticas a me encarar.
Palavras de ódio, vestindo branco pra disfarçar!!!
Palavras, palavras...
Castas, depravadas palavras.
Unindo-se, dissertando minha ilusão.
Rabiscando de negro, antiga paixão.
Letrando o rancor...
Alfabetizando a saudade.
Palavras jogadas de qualquer jeito, com olhos fechados por este escritor covarde.
Sem virtude;
Sem atitude.
Que não tem amor, apenas saudades...
Sentimentos acanhados, escondidos de pavor em palavras prolixas, intumescidas de ardor!
Palavras insuetas, atestando dissabor...
Palavras curtas, palavras compridas...
Palavras escravas, palavras amigas.
Umas consolam, outras, deploram.
Cheias de intenções desconexas.
Palavras oblíquas.
Palavras grosseiras.
Palavras, apenas palavras...

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