Total de visualizações de página

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um dia normal.

"Conto de um qualquer..."


Era um dia normal, de uma data qualquer, Joãos, Marias, Josés iam pra lá e pra cá.
O sol brilhava e a lua intrometida espiava o dia quente, ponto branco naquele céu azul azulíssimo.
Parecia ser um dia normal, porém não entendia o motivo do chão estar macio e as paredes bailarem libidinosas e insinuantes.
Era um dia normal e como sempre depois do trabalho, assentava sua bunda gorda num banco de algum boteco qualquer, assuntava conversas alheias, fumaça, bebia cervejas e cervejas...
Naquele dia abafado, o suor escorria-lhe na face vermelha e na careca lustrosa fustigada pelo sol, aquela cidade poluída, infernal, de um trânsito caótico, engarrafado, motociclistas suicidas, pedintes e mendigos zumbis, gentes e gentes...
Era um dia normal, as palavras então começaram a lhe sair confusas e embaralhadas, passos tortos por caminhos confusos, vontades anestesiadas.
Um dia normal, numa cidade estranha, onde pessoas falavam de um jeito arrastado. Pra variar se sentia deslocado, por entre aquela gente, sua vida a muito o fazia se sentir assim deslocado, pois cada dia em um lugar diferente, seu vai e vem diário, rodoviárias, aeroportos, hotéis...
Longe de sua gente, de sua cidade, vivendo sem fronteiras com a mala sempre pronta, passando de cidade em cidade, com suas amizades instantâneas e conversas pela metade, amizades biodegradáveis.
No quarto vazio com sua paredes mortas, caiadas de solidão, lhe aguardava apenas uma mala meio desfeita.
Só o álcool amigo supria seu vazio, sua saudade.
Era um dia normal, sob seus pés, vertígens abissais lhe acautelavam o caminhar pela rua sinuosa e lenta.
Visões etílicas desfilavam libidinosas e envolventes, paredes esquivas impediam-lhe o toque.
Tudo a sua volta parecia tão diferente e esguio.
Paisagens girantes...
Turbilhão etílico de espectros assombrantes com feições decomposta, o álcool transmutava tudo e embrulhava seu estômago azedo.
Agônico e suado expurga o seu azedume e decora a imunda calçada com sua obra abstrata...
Era um dia normal...

A prostituta

No canto escuro
Corpo, alma, vulto.
Lânguida criatura
Desfila libidinosa
..................insegura.
Um ou dois passantes
Inconsoláveis com seus corvos
Empoleirados nos ombros.
"-Corvos gordos e robustos!"
A alma perdida
Esfumaceia a avenida
E fere o silêncio com seu salto...
Passo a passo, sangra a calçada.
Em sua costas as marcas
das asas amputadas sangram...
Pobre anjo caído, expulso da nuvem.
Vagueia agora, carne exposta
...................corpo a mostra,
A mendigar trocados,
Trocados trocados por afetos.
Pobre vulto oculto
Em noite clara
Resto d'Alma que chora silenciosa
Enquanto seu caminhas se endireita
...................co'as passadas tortas...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mais palavras de ÜRH

N.A - mais palavras de "ÜRH", do pergaminho encontrado sobre um tufo de margaridas.

Frases de ÜRH:

Ninguém dá conselhos, no máximo se metem em sua vida!

Portas foram feitas para nos separar de todo o lixo que nos rodeia.

Estou cercado de olhos abutres! Cadê o punhal, para que eu vaze alguns olhos?

Não se apegue a ninguém, pessoas morrem e você ficará sozinho!

A tristeza é a única coisa que existe!

Quando fico triste, caneta em riste...

A fortaleza erigida
Desmorona rendida
Histórias desfeitas
Vontades esquecidas
Amores perdidos
Inverdades vividas...

...e oque restou hoje, são apenas recordações mofadas, escondida em algum canto de minha debilitada mente envelhecida.
Saudades cheirando a ilusão...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conselhos de ÜRH

N.A - "foi plantando flores, que encontrei um velho baú e nele havia um pergaminho embolorado e com alguns rabiscos, vía-se 'Conselhos de ÜRH', quem seria ÜRH? Resolvi ler e agora transcrevo os lamentos de um qualquer que teve que enterrar suas opiniões..."


1-desconfie das pessoas amorosas demais, elas são falsas.
2-se afaste dos pseudo-otimistas
3-desconfie das pessoas que apontam erros.
4-realistas não são negativos, a verdade sempre é dura.
5-não dependa de ninguém.
6-controle, não seja controlado
7-pessoas verdadeiras são aquelas que não lhe dizem nada.
8-ninguém nos acrescenta nada.
9-leia muito
10-leia tudo.
11-reinvente histórias
12-acredite em você mesmo.
13-aprenda sozinho.
14-esqueça os mortos.
15-não se apegue a ninguém, pessoas morrem.
16-não plante flores, elas só juntas insetos e borboletas idiotas.
17-tenha cuidado, ser humano é frágil.
18- erre! não a letra "R", erre de ERRAR!
19-não se preocupe com quê os outros pensam, eles não pensam.
20-não confie em niguém.
21-ame a solidão, ficar só nos torna auto-conhecedores.
22-não seja ambicioso.
23-siga a ordem natural das coisas.
24-a morte é o fim! Senão porque morrer?
25-Felicidade não existe.
26-seja franco e faça disso uma virtude.
27-ninguém ajuda ninguém.
28-não ajude ninguém.
29-vacas e galinhas são animais idiotas, por isso servem de alimentos.
30-desconfie de tudo e todos.
31-não ria a toa.
32-se arrependa.
33-siga os caminhos opostos.
34-não seja organizado, pessoas limitadas carecem de organização.
35-nunca siga em frente, use os desvios.
36-não minta.
37-polua.
38-desmate.
39-plante um poste.
40-regue um prédio.
41-fisgue uma sereia.
42-cultive uma floresta de árvores mortas.
43-beba água.
44-evite o sol.
45-olhe para os dois lados ao atravessar a rua.
46-Ouça rock.
47-não idolatre niguém e nem coisa alguma.
48-fuja dos paradigmas.
49-esmague um jardim florido.
50-viaje.
51-chore.
52-tenha raiva.
53-odeie.
54-quebre um osso.
55-morda a língua.
56-pegue gripe.
57-se perca.
58-faça um para-quedas com um guardachuvas velho.
59-não siga ordem.
60-seja curioso.
61-não se importe com os outros.
62-não sinta pena, nem de si.
63-amor não existe.
64-felicidade é um breve momento de idiotia.
65-Não ouça conselhos.
66-não confie em quem dá conselhos.
67-por fim, viva ao seu modo!


Estes conselhos de um ninguém, são expurgos de um momento absurdo qualquer, dos dias que vaguei exasperados por este mundo sem razão. Cansei das máscaras sociais e resolvi me aconselhar. São palavras para meu eu, perdido e desorientado, sem vontade alguma de coisa alguma, perdido em minha ebriedade constantes da efemeridades deste mundo vazio e imundo.

ASS: ÜRH STRACHTISTCKY

Antropófagos urbanos

Na urbe
imunda criatura
se arrasta insegura
agarrada a vida
desalmada e burra
com seus olhos cinzas
e ilusões de felicidades.

Um diário

Catei versos
Perdidos em meu verbo
Desorientado rabisquei
Juntei letra e ansiedade
Acoado em meu mundo
Mudo e covarde,
desprovido de dicionário
Expurguei inconstâncias
e escrevi meu diário...



"um nome a tudo,
uma razão ao mundo,
uma certeza de nada."

Talvez seja só vontade de escrever...

Talvez o teu olhar
talvez o teu cheiro
talvez tua pureza.
acho que era amor,
tesão talvez.
Atração então.
Realidade quem sabe
Sonho realizado talvez.
Talvez anjo caído
talvez rosa do jardim
talvez tua pseudo-inocência
talvez tua beleza
Mas acho que foram os copos de cerveja.
Quem sabe ébria visão
Onírica realidade viva então.
talvez tua boca lúbrica
talvez tua pele alva
talvez teu ímpeto
talvez teu seio macio...
Talvez seja frio,
que me causa este calafrio.
sóbria embriaguez inebriane
talvez seja incerteza
talvez seja mesmo a cerveja.
Ou quem sabe te ame.
Talvez...
é talvez.

Aqueço

Nestas horas mornas
De dias frios,
aqueço palavras
para conversas quentes...

E...
do nada, alma gélida penada
resfria minha alegria...

Frases de liquidificador

Sentimentos enlatados,
Sorrisos colados,
Abraços pré-aquecidos em microondas...
Descartável vida biodegradável
Nos instantâneos momentos solúveis...

sábado, 16 de julho de 2011

"NEC SEMPER LILIA FLORENT"

Quem sou?

Quem sou?
sou o louco embrigado da essência
que exala de tua alma
sou o quadro em branco pendurado
na parede pintada de tua sala...
solitário
abandonado
esquecido
empoeirado
ébrio, totalmente perdido
nesse museu de bonecos de cêra
sou o breu luculento da noite clara
sou tudo e também sou o
nada...

Amor

O ósculo que recebias
Era da alma aprisionada
num corpo amargurado,
o coração de pedra soltava
cascalhos que saíam
dos olhos em cascatas de dor...

Soneto do abandono (escrito para uma casa abandonada)

Na esquina, armação de concreto vazia
casa velha de tinta desbotada,
aparência triste, nostalgica.
dentro de ti, nada, só poeira e alma penada.

Um jardim enfeitado com ervas daninhas
ninguém na janela, nem um bela na sacada.
a poeira toma conta do quarto à cozinha...
não há mais brilho nas manhãs ensolaradas.

Fica ali a casa sozinha, abandonada.
Telhas, tijolos, madeiras, tudo esquecido.
Na frente um portão impede a entrada

Nem um ruído é ouvido, nem uma risada
tivessem antes a demolido,
não deixaram-a sufocando mofada.

Elucubrações (Apenas Travesseiro)

"insano travesseiro,
mudo companheiro.
que a noite seca minhas lágrimas..."



"os pedaços de sonhos,
se confundiam em ti,
meu travesseiro.
peças desconexas de sonhos metafóricos,
incompletos..."



"aquece-me uma face,
enquanto a outra
fica ao sabor do tempo..."



"...quando vasculhei a fronha e
não consegui achar, entristeci-me.
pudera você, perder algo tão importante?
ainda estava úmido das lágrimas fugidias
mas aquilo que eu mais queria, você não tinha mais.
Como pudera não guardar aquele sonho?"

sábado, 2 de julho de 2011

Carta para Cleide. (Carta para uma amiga, a qual a muito tempo atrás trocávamos correspondência, antes do e-mail!)

Aqui estou novamente, papel e caneta na mão.
Não tenho uma história, apenas letras embaralhadas em minha mente.
Mentiras inteiras, verdades incompletas, insanidades descobertas.
Não me compreendas, sou apenas uma pele escura de alma turva a rabiscar amenidades, frivolidades de uma pseudo vida.
Trechos encobertos, repletos de mim mesmo, coração deserto, amores dispertos.
Sem vontades, sem desejos.
Perdido em imenso vazio de tudo, solitário e mudo.
A implorar por atenção.
Quiçá tentas me compreender, porém, não me entendas.
Escrevo por escrever, são palavras de sentimentos mortos,
Expulsos deste corpo, exorcizadas em madrugada qualquer.
Não quero dar sentido a nada.
Também não estou sentido nada.
São ecos perdidos em meus ouvidos.
Um flerte da razão com o acaso e entrelinhas, me escapam lamentos.
Visões distorcidas no reflexo da água assombram meus pesadelos
de noites insones.
Talvez não se conforme e tenta dar forma
na ânsia de que algo se forme.
Quebra cabeça de peças misturadas.
Sol, lua, chuva, seca, um tudo que não é nada.
Não me compreendas, sou apenas alma penada
Pelada de sentimentos na madrugada silenciosa
que vela corpos inertes, adormecidos no mundo de morfeu.
E eu, amorfa criatura autofágica, jogo palavras em papel a toa.
Sem ter idéia do que quer.
Agruras disfarçadas para ninguém ver.
leia, apenas por ler, e se, por acaso achar algum tesouro numa linha perdido.
Deixo-o lá, quietinho, escondido.
Pois nem tudo no mundo é para ser descoberto,
Nem tudo no mundo é para ser entendido...

Pode ser... (quando o espelho não refletir coisa alguma e nada fizer sentido)

Pode ser o sol.
Pode ser a estrada empoeirada,
O pó escondido entre folhas amontaodas.
Absurdos incompletos.
Pode ser vontade de nada.
Beijos úmidos de boca seca.
Pode ser certeza
e a beleza rara regozija voluptuosa
e regurgita suas certezas em nossas caras.
Pode ser coisa alguma.
Podem ser doentias visões.
Podem ser esquálidas razões.
Flores mortas rodopiam infernais.
Feridas expostas sangram purulentas.
Mórbidas visões ensandecidas,
hematófobos suicidas
compelidos a suportar, não suportam.
Pode ser loucura.
Pode ser que seja.
Sonhos impudicos,
Mentiras que boiam num copo de cerveja.
Na fumaça que fumaça
serpenteiam espectros lamuriosos.
Pode ser tristeza alheia.
Pode ser droga na veia.
Delírios medíocres da desdentada criatura.
Fotografias de cenas obscuras.
Conselhos de um ninguém.
Pode ser que a chuva venha
e me afunde ainda mais nesta lama.
Lutulenta realidade que me acerca.
Pode ser letargia.
Pode ser minha alergia.
Pode ser...

Discurso da meia noite

Olhos incertos,
Incertas visões,
Inverto razões.
O beijo seco,
Alma vazia,
Vertigens de fantasias
me completo,
rio incerto
e acerto seu coração.
Diga, oquê lhe completa?
Discurso cego
mudas razões.
Empíricas certezas
Negras conclusões
infestam-lhe a mente
e todos mentem.
Mentirosos honestos
com sorrisos de papel
borrados de lágrimas sinceras,
d'alma de alguém.
Digam,
seria honesto o pensar?
digam,
seria eu mau ao matar?
Verdades camufladas,
infladas de inconstâncias.
qual é a verdadeira razão?
A mão que abençoa
santa,
ou a faca que degola a garganta?
Comunguem sensações discretas
e bebam o sangue retinto
que foge dos pulsos cortados.
Anímicas vontades.
Guturais manifestações
possessões exorcizadas
com cruz de madeira roubada
vilipendiada
criatura profana
urra a dor contida.
Digam,
oque é loucura?
E o suicida, porque o condenam?
Coragens recalcadas
Sangram falsidades doentias
nos castiçais, velas de agonias
derretem lágrimas quentes
e moldam carrancas de angústias.
De joelho clamo piedade.
"-Piedade!"
"-Piedade!"
Desejo puseístas
Tatuados com ferro quente
Na pele do ateu covarde.
Certeza vazia...
Sacrosantas visões a luz do dia...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nomes

a tudo um nome
um nome a tudo
joão, carlos, maria.
deram nome a pedra,
a mata, aos animais
mas se não fossem os nomes
como tudo se chamaria?
quiçá ninguém se entendensse
e tudo iria ser uma grande porcaria
se os nomes não fossem estes,
que nome tudo teria?
se tudo fosse apenas "coisa"
medo causaria
ainda bem que inventaram os nomes
se não como eu me chamaria?

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Clareia

É lua cheia,
bela, vem iluminar
pobres almas tristes
que num único lamento estão a penar
são anjos de asas cortadas
sem o direito de voar
a eles não deram nada
somente a luz do luar...

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pra onde ir? (para onde o mundo me leva?)

Ah estes meus caminhos duplos
Sempre bifurcam este meu viver
Sempre dois caminhos
e eu;
querendo um terceiro
para me esconder...

Suicídio

Um corte reto
sai um risco vermelho
Todo o meu resto
reflete como num rubro espelho
o tudo que não presto
foge pelo ralo do chuveiro
desejos, medos, versos...

Velhos tempos (de quando eu vagamundeava nas madrugadas de Joinville)

Olho para trás e vejo sonhos velhos
Palavras espalhadas, empoeiradas
jogadas pelos cantos.
vontades esquecidas
desejos abandonados
perdidos pelas praças
sob os bancos de pedra da Nereu.
Outras naufragaram no laguinho do museu
ou jazem sepultadas
no cemitério dos imigrantes
ainda ouço ecos nas ruas vazias
resquícios das conversas frívolas
etéreas revoltas juvenis
cheirando a álcool e biscoito
vinho barato e roto
as calçadas ainda guardam as pegadas
das andanças intermináveis
na busca do velho rock'n'roll
nômades vestindo negro
de almas claras e asas cortadas
sangram a madrugada silenciosa.
em nossos rostos ébrios, coragem
em nossas palavras amarradas,
Desejos e vontades berradas
para quem quisesse ou não ouvir.
Na poeira da rua
no cheiro do vinho
na languidez da fumaça proibida
fica para trás escondida
a etérea vida perdida, esquecida...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Isso que me resta

disto tudo que me resta
Verso a sobra do que não presta
Talvez seja um pouco de pressa,
Quiça esta vida as avessas
que faz com que hora eu cresça
outras desapareça...
disto tudo que me resta
só fico com oquê não presta.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Compreender

Não sei porque rabisco
letras, palavras, desenhos
quiçá algo de poeta
quiçá algo de talento
mas acho que só invento
ao menos tento
muitas vezes graças
tantas outras lamentos
porém tudo não passa
da personificação de meu tormento...

terça-feira, 17 de maio de 2011

...

Armada figura exótica
de pele encouraçada
e garras expostas
fere a mão
fere o coração
de quem a encosta.

Espelho torto

Tem vezes que me
desfaço
e vejo meu rosto ao
avesso
outras vezes me desosso
vísceras
sangue
desgosto
tem vezes que palavras
ambíguas
se unem covardes, inimigas
e dissertam incompletas verdades
escondidas...
E ME DISTORCEM.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pena d'eu (cristianidades)

Pobre curitibano é oque sou
pobre curitibano despatriado
catarinando por estes lados
suando em bicas
saudades do ar gelado
pobre curitibano é oque sou
chorando amores perdidos
chorando amigos passados
esquecidos em algum lugar
congelados em retratos
mofando em meu armário
saudades contidas
pobre curitibano é oque sou
saudoso do cinza,e,
daquela gente tímida e reservada
da correria pandemônica nas calçadas
dos rostos áusteros e individuais
congelados pelo frio, sem poder sorrir
de medo que o rosto se parta...
pobre curitibano é oque sou.
sufocando com meus rabiscos
abafado no quarto, ausente
enquanto o ventilador azul
empurra sôfrego o ar quente
pobre curitibano é oque sou
por sentir pena de mim mesmo
ególatra e solitário poeta
a rabiscar amenidades
disfarçado em tímidas poesias
decompostas...

quarta-feira, 4 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vagamundeando

E eu, este ser urbano
de mochila nas costas
com minha barraca de pano
acampo em sua praça
um tanto sem graça
um pouco insano
faço fogueira com folhas secas
que caem rejeitadas na calçada
então me embriago de sereno
e viajo co'a barriga pro céu
lembrando com tristeza
dos meus dias felizes...

Sons da infância

Na Curitiba fria
dos invernos congelantes
e da geada cortante
era nos verões ardidos
quando lá de longe se ouvia um silvo
outras vezes um grito...
"-Olha o dolééééééééé!"
corria eu ávido
ao encontro de um senhor
com uma caixinha de isopor.

Ciclo

Passa hora
passa dia
mês inteiro
vem a chuva
vai a lua
o sol primeiro
cresce a unha
cresce o pelo
tudo e meio
foi cigarro
restou guimba
fica o cheiro
era uma
virou duas
agora é formigueiro
passa a hora
passa o dia
ciclo inteiro...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Desabafo...

...ligo a tv e vejo, eeeeeehh ooohhh, ligo rádio e ouço,eeehhh ooohh...
Plageando o grande Gessinger, tô de saco cheio deste casamento do tal príncipe de não sei lá das quantas...
O conto de fadas moderno?
Aí pergunto?
Agrega oque em nossas vidas?
A mídia burra entope nossos ouvidos e vistas com as 24hs da vida destes dois mortais e faz com que tudo gire em torno de um fato que não tem nada de fantástico. E a mariazinha e o joãzinho que juntaram os paninhos com o maior sacríficio, levam a vida na lubuta, vida esta filha da puta? Alguém aí soube de algo?
Vamos enaltecê-los!!!
E a memória biodegradável já nem lembra mais do assassino de Realengo, de cobrar algo para evitar outra tragédia igual aquela!?
E das famílias que ainda estão desabrigadas em virtude dos desastre das chuvas tanto aqui no sul, como lá no Rio de janeiro...
E a gasolina com seu preço exorbitante?
Amazonas?
Educação falida?
Caos nos hospitais?
Super bactéria?
Dengue??
Aaah deixa isso pra lá, temos que falar do casamento...
Tá, é muita coisa ruim, vamos falar de coisas bonitas e então tome casamento do príncipe e da plebéia? Estes termos ainda cabem num mundo "GLOBALIZADO", onde a internet habita todos os lares e blá, blá, blá?
Vamos ser fúteis e frívolos?!?
Falemos do vestido, do carro, da comida e de toda a besteira que a mídia nos empurra deste casamento!!
Num país de miséria onde muitos nem sabem oque irão comer amanhã, oque irão vestir...
Desemprego, violência, corrupção...
Vamos voltar para nossa realidade!!
Como dizia Raul, "-Pare o mundo que eu quero descer..."

terça-feira, 26 de abril de 2011

Cresceu

Era verdade!Tudo que até então achava ser mentira.
Contudo era tarde...
adeus mundo de fantasia
restou o ateu covarde, pedindo a Deus:
"-livrai-me desta agonia."

Esta caneta

Ah esta caneta confusa
que teima em juntar letras,
que mania mais besta
e ainda pede que eu assine,
para que ninguém desconfie
da sua existência.
sempre letrando algo...
inocências;
demências;
pseudoeloquências;
abstratas aparências.
ah esta caneta...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Escombros do passado (de quando se vagava na urbe)

Tudo era belo e se completava
Tudo era sério e me assustava
Todos tão ébrios
Divagavam sóbrias palavras
Abissais ilusões etílicas
e a criatura trôpega
avançava sinais
enviava sinais...
de fumaça
tudo era tão céu,
e nós, erámos tão inferno
opostos completos
repletos de coisa alguma
oscilantes vontades paralíticas.
Apenas encantos desta vida mítica.
Tudo era belo e contudo desmoronava.

O morto

Na ruga que se desvela na
negra terra
Corpo exposto, pele, roupa,
osso,
Engordam vermes que fremitam
loucos
Roendo ávidos aos poucos, restos
e rostos.
Com terno belo ou paletó
rôto...
Apenas mais um morto.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Dor


Esta coisa que rasga meu peito e sangra minh'Alma...

O ônibus

...vários rostos parados na plataforma a espera do ônibus que não chega, estáticos com ares de aborrecimento.
Observo um rapaz usando uma camisa do Flamengo com cabelo espetados cheio de gel, dá até para ver o couro cabeludo esbranquiçado, espinhas marcam seu rosto pueril e fiapos de barba se espalham sob seu queixo pontiagudo, seu tom pele acaboclado da um ar indígena que beija sua namorada, há também um senhor com cara de poucos amigos, resmunga aborrecido está usando uniforme de alguma empresa, carrega uma bolsa imagino ter a amiga garrafa térmica que deve levar todos os dias como companheira de trabalho, tem um ar de cansaço e o peso da idade já acentua a curva em suas costas, o cabelo exibe um tom acinzentado nas têmporas, ao meu lado uma senhora com vestido longo com desenhos indianos, bíblia sob o braço, um óculos de armação negra e lentes fortes apequenam seu olhar esverdeado, olha sabe-se lá para onde concordando com a cabeça a algum diálogo com sua consciência; outras pessoas se aproximam, cai uma chuva fina, o domingo já começa a bocejar abrindo espaço para a indesejada segunda-feira, soniais passantes se dirigem para seus lares, com feições cansadas; olho para o relógio do meu pulso seguidas vezes, mesmo tendo um enorme relógio digital pendurado no teto do terminal. Algo me aborrece, não sei bem o que, vai ver porque o domingo já esta partindo, sei lá...
Do outro lado da plataforma passa um rapaz com uma mochila de acampamento nas costas fico imaginado onde teria acampado? O cheiro de mato e fumaça é espalhado pela brisa que sopra leve e sonolenta. Restos de barro ficam esquecidos no chão, desgarrados da bota do rapaz.
Ao meu lado, o senhor que até então parecia aborrecido com a demora do ônibus conversa com um segundo senhor que chegara a pouco, arrastando seus pés calçados em chinelos amarelos um tanto encardidos em razão da chuva fina, oculta sob um boné branco encardido seus cabelos prateados, quando sorri, percebo que é um sorriso com falhas, então o ônibus chega...
...entramos rapidamente ávidos por um lugar. Sentados nos observamos estranhos, desconfiados, nenhuma palavra, mudos, robóticos com olhares dispersos de repente a namorada do flamenguista solta uma gargalhada, que se repete irritantemente!
Um homem com o cabelo raspado, encorpado, tão grande que mal cabe no banco do ônibus com rosto empedrado, dentes amarelados, olhos azulíssimos pequenos dando-lhe um ar suíno e com uma cara de psicopata feliz, indaga algo a respeito de algum jogo! Olhares estranhos! Então ele completa:
- ...é nosso time tá perdendo! - afirma ele com uma voz forte e com um arrastar alemoado.
- Será? Vai nadar e morrer na praia de novo? Completa o rapaz com a camisa do Flamengo! – o mengão ganhou! Sorrindo diz orgulhoso.
“-Grande coisa; penso comigo!” torce para um time do Rio de janeiro e desdenha o da terra natal...
A namorada dele que até a pouco gargalhava, já não ri tão alto, está parada com a boca entre-aberta seus dentes avolumam-se nos lábios, não tinha notado seus dentes mas agora com este semi-sorriso indigesto. Penso que deveria usar aparelho! É uma menina interessante, feia, sim feia mas com uma soberba de princesa, olhando em volta com ar de soberania, com seus cabelos secos meio encaracolados, uma presilha em forma de borboleta prende um tufo na lateral da cabeça, o batom lilás emoldura os dentões, uma blusa sem mangas mostra seu dorso esquálido, um colar de pérolas falsas douradas despencam de seu fino pescoço, brincos enormes avolumam-se em suas orelhas de abano, apesar de tudo tem corpo de modelo, magra, alta de pernas finas e braços compridos... quiçá um banho de loja. Um casal feio, mas um casal...
O ônibus segue viagem, e agora um dilema em minha cabeça, o resultado do jogo, não que seja torcedor, nem sei o nome dos jogadores, mas sabe como são estas coisas que ninguém explica que o futebol faz com a gente! O ônibus se aproxima da região do estádio, dá para ver as luzes, contudo um silêncio lá e cá...
- O jogo já acabou! Fala o Psicopata Feliz.
- Acho que sim; comenta o senhor aborrecido; acabaria às sete horas!
- Pelo silêncio perdeu!! Digo maldosamente.
Todos aflitos, amigos, mudos, na expectativa de alguma resposta. No estádio nenhum barulho, nem foguete, “- Ah, perdeu mesmo!” deduzo. O ônibus se afasta da região do estádio e nós todos perdidos com os olhares no espaço em busca de respostas...
A namorada dentuça volta a gargalhar irritantemente, mas isto agora já não importa, estou preocupado com o jogo!
Perdeu?
Ganhou?
- Opa! Fogos!! Ganhou! Grita o Psicopata Feliz, mais feliz ainda!
- Será? duvida o Senhor aborrecido é muito pouco foguete.
Estranhos nos olhamos. E logo explodem mais fogos, buzinas de carros soam longe...
É ganhamos!
Cúmplices de algo insólito, sorrimos uns para os outros, como velhos amigos, satisfeitos, felizes pela conquista, simpáticos amigos instantâneos comentando sobre o jogo, passamos mais alguns minutos unidos pelo futebol e então o assunto esfria, nos ajeitamos em nossos bancos, nos aninhamos em nossas memórias e nos tornamos insólitos passageiros estranhos. Alguns ainda amigos conversam.
O rapaz com a camisa do Flamengo beija a namorada dentuça e eu continuo achando que ele deve usar aparelho nos dentes! O senhor aborrecido pergunta a respeito de um outro jogo e quando ouve a resposta fica irado. Vai ver o outro time dele deve ter perdido... Ah nós e nossas segundas paixões.
Olho para rua, a chuva diminuiu, um vento frio entra pela janela aberta, “é acho que não deveria ter saído de bermuda!” Algumas pessoas conversam amistosamente, o Senhor aborrecido ainda fala de futebol fazendo assim com que eu não me esqueça do fato, porém as buzinas lá fora também se encarregam de lembrar. Busco no ar meus pensamentos anteriores ao jogo, que agora devem vagar perdidos no limbo.
Meu ponto de desembarque está próximo, o senhor aborrecido ainda discute sobre futebol com o Psicopata Feliz, o rapaz com a camisa do Flamengo fala algo libidinoso no ouvido da namorada dentuça que ri e mostra seus grandes dentes. Eu me levanto, vou até a porta, aperto a campainha, o ônibus para e eu desembarco...
A rua deserta, o paralelepípedo úmido da garoa que cai fina, brilha e reflete as luzes dos postes, uma brisa fria gela a alma e arrepia a pele... Sigo em direção a minha casa, meus pensamentos vão retornando, então olho para os lados do estádio e vejo as luzes ainda acesas, o céu nublado, não revela uma única estrela, nem a claridade da lua...
Sigo divagando e de súbito um pensamento...
“- Quanto será que foi o jogo?”

Artificialidade

Um pedaço do céu,
Do céu de minha boca,
Estrelas brilhantes
Secam na areia fofa.
Flores de plásticos sorridentes
Enfeitam minha grama morta
Descanso minha artificialidade
Sob a luz de mercúrio...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

.......CRISTIANIDADE........

...nasci urbano, curitibano, rinitente, cheirando a mofo e fuligem.
Amargo e congestionado!
Acostumado ao céu nublado e ao ar poluído.
Vida monocromática e asmática, perdido pelas calçadas imundas, cercadas de jardins de flores mortas e árvores atrofiadas.
Nasci apático e reticente, de olhar desconfiado e vontades castas.
Criatura frágil, exposta a ácaros que habitam o ar de meu quarto escuro e entulhado de pedaços da minha vida.Livros de páginas e páginas dissertas, insertas verdades, veladas em lúdicas historinhas de faz de conta...
Vida cinéria com fins de tardes descoloridas, a desfilar com o semblante empedrado por entre passantes monstruosos de olhos enormes!!
Vagamundeando ébrio e paranóico, persecutiômano delirante a ocultar-me nas frestas da floresta acimentada, enojado, amedrontado, sem esperanças de amanhãs.
Pessimista, inconformado com a única certeza.
Sem compreender isto que chamam de (i)mundo!Gigante cárcere de dúvidas, prisão perpétua até o fim dos dias.Cercado de estúpidas criaturas (in)amigas, de sorrisos colados e gestos premeditados, de conversas ensaiadas, decoradas de programas de tv e livros de auto-ajuda, pseudos sabe tudo, donos de suas hipócritas verdades.
Nasci Cristiano

terça-feira, 12 de abril de 2011

Urbano





Urbano insensato
humano.
Urbano, demasiadamente
insano
a deslocar seus passos leves
por estas estradas da vida
sorrindo um sorriso colado
segue vagamundeando.
verdade inventada
contada em palavras aladas
se espalha pelo caminho
segue urbano, o
humano demasiadamente
insano...

Nasci

Choro a morte dos que estão nascendo,
compadecido desta condenação.
Nascemos já com um dilema...
esperar a extrema unção.

Hai Kais (me levantas?)

Cato uma palavra
Colo num verso
Rabisco um poema
Expurgo meus restos...



No pingo da chuva de verão
Vinha junto, vento, angústia
e um baita barulho do trovão.



Tanta coisa que se foi
muito que ainda vai
o futuro me assusta
o passado me distraí.



Ela veio de longe
com seus olhos infantis
bela menina do soriso lindo
e de sonhos pueris...


Minha língua na boca se retorce,
a culpa é das borboletas que engoli,
quando num jardim florido
ao roubar rosas me perdi...



Ébrio, rabisco sóbrias palavras
na tarde fria, alma vazia
rabiscas palavras sombrias.



O silêncio é interrompido,
soa um alarme.
Uma hora grito outro silvo.




Perdido entre palavras tortas,
rabisco resto, desejos descompostos.
Mentiras completas, verdades mortas
Vomito meus restos e outro monte de bosta...



Tudo oque resta
são sobras da festa.
O ranso, o vômito
e tudo aquilo que não presta...

Teve um dia...

Teve um dia,
que o dia não veio!

Perdido no tempo

Olho para trás e vejo velhos santos,
palavras espalhadas, empoeiradas
jogadas pelos cantos.
Vontades esquecidas,
desejos abandonados,
perdidos pela praça
sob os bancos de pedra da Nereu.
Naufragados no lago do museu ou
sepultados nas ruínas do imigrante.
Ainda ouço ecos nas ruas vazias,
resquícios de conversas frias,
etéreas mudanças juvenis,
cheirando a biscoito,
vinho barato e roto.
Nas calçadas ainda as pegadas
das andanças intermináveis,
na busca do bom e velho rock.
Nômades vestidos de negro,
d'almas brancas e asas cortadas...
Olho pra trás e vejo tudo,
olho pra frente e não vejo nada...

Compreenda-me

...na busca do verso,
desconverso.
e esta imagem no espelho
reverso,
resto do meu eu
convexo, disléxico, sem nexo...